Por que as questões ligadas às finanças são tão difíceis de entender?
Por Silvio Soledade CEO da PlanoGestão e VP da APP Brasil
Você já deve ter tido tremenda dor de cabeça ou ficou com os olhos inchados ao receber os relatórios financeiros de sua empresa. Posso apostar que tentou por longo tempo entender as informações financeiras contidas ali ou até mesmo naqueles balanços publicados em revistas e jornais. Acredite: até eu, profissional de finanças, e pessoas treinadas nessa área regularmente têm tais sintomas.
E por que isso acontece? É realmente tão difícil de ler, entender e digerir estas informações? Para ser justo, a matemática associada à teoria das finanças corporativas é realmente complexa. Se acrescentarmos ainda questões ligadas à gestão tributária, contabilidade, investimentos, câmbio e tesouraria, talvez a maioria dos empreendedores, para não dizer 90%, não demonstram nenhum interesse em compreender esta área.
Então, por que se preocupar com as finanças de sua empresa? A resposta é simples. Porque é essencial.
Vivemos e trabalhamos em uma sociedade baseada num modelo capitalista, que requer recursos para troca de bens e serviços. E no mundo dos negócios, todas as empresas precisam ter capacidade de gerar recursos financeiros suficientes para se manter. Caso contrário, possivelmente deixarão de existir.
Surge o dilema. De um lado, todos precisam entender e aplicar as teorias financeiras em algum nível. De outro, muitos profissionais da área de finanças se limitam a um perfil técnico e encontram dificuldades em orientar clientes para tomada de decisões. Dá para imaginar onde toda essa deficiência tem origem? No ensino fundamental e médio, que deixa uma lacuna enorme de conhecimento e aprendizado nessa área. Mais adiante, quando o aluno sai da faculdade, apresenta problemas para entender um extrato bancário, não consegue equilibrar contas pessoais ou acompanhar instruções básicas sobre o uso responsável do crédito.
E os problemas continuam mesmo em escolas de negócios ou até em programas de mestrado. A quantidade de informações oferecidas aos alunos com aplicabilidade imediata no seu dia-a-dia é bastante pequena. O foco será primordialmente sobre teorias financeiras, práticas contábeis e estratégias de engenharia tributária, com vários exemplos de grandes corporações e seus relatórios complexos aos quais grande parte das pessoas nunca teve acesso durante a vida.
Então, quando você for se aventurar por conta própria e risco seguirá um destes três caminhos:
- Conseguirá um emprego, terá sua independência financeira, e aprenderá, por tentativa e erro, a obter um empréstimo, financiar um carro, gerenciar seu cartão de crédito e pagar a faculdade;
- Escolherá uma área relacionada às finanças e aprenderá muito sobre esse tema específico, mas ainda viverá na superficialidade com a maior parte dos demais assuntos;
- Resolverá empreender, ter seu próprio negócio e viver rodeado de consultores (contadores, auditores, tributaristas, advogados, gerentes de bancos e corretores de seguros) que provavelmente saberão muito bem aplicar seus conhecimentos em seu benefício e serem remunerados por isto.
Embora não haja falta de informações disponíveis, a maioria delas não é útil e de fácil compreensão para as pessoas comuns. Principalmente àquelas que estão se aventurando pelo mundo dos negócios e que não têm, e nunca tiveram, nenhum interesse especial em finanças.
Obviamente não quero dizer que você deva abrir mão de consultores. Pelo contrário, especialistas nas disciplinas que você não tem domínio podem ser críticos o bastante e, com olhar externo, apontar caminhos de sucesso para o seu negócio. O problema é deixar a tomada de decisão nas mãos de outros.
Nós, que atuamos em consultoria em gestão e finanças, devemos nos esforçar enormemente para corrigir esta tendência. A maioria dos empresários e empreendedores tem como foco principal as áreas de Vendas e Marketing, deixando a de Finanças mais vulnerável devido ao seu desconhecimento. Ninguém precisa se tornar um especialista em finanças. Para se tornar um gestor ou empreendedor de um negócio de sucesso, você deve colocar os profissionais de finanças para trabalhar de uma maneira que saibam o que realmente está acontecendo e lhe abasteçam de informações que você possa entender e aplicar na sua empresa de maneira eficaz e eficiente.
Silvio Soledade é Mentor de Negócios (PMBM Certificate). Consultor de empresas focado em gestão de empresas de economia criativa (agências de comunicação e propaganda, eventos e produtoras de audiovisual). Sócio da PlanoGestão Consultoria Empresarial desde 2012. MBA em Gestão Empresarial pela ESPM-SP. Especialista em Comunicação Social pela Anhembi-Morumbi e em Gestão Financeira pela FGV-SP. Bacharel em Administração de Empresas pelo Mackenzie. Bacharel em Comunicação Social pela Anhembi-Morumbi. Vice-presidente da Associação dos Profissionais de Propaganda (APP). Membro da ABMEN (Assoc. Brasileira dos Mentores de Negócios). Mentor da Aliança Empreendedora e da Junior Achievement SP. Consultor do SEBRAE na área de Economia Criativa. Coordenador do Módulo Gestão Empresarial no Projeto Objetiva Audiovisual, da Associação dos Produtores de Audiovisual. Consultor da ABRADI (Associação Brasileira dos Agentes Digitais).
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