Home Office, Office ou Híbrido?
Por Antônio Lino Pinto – Sócio da Viramundo Consultoria e diretor da APP Brasil
O home office, até antes da pandemia, era um tabu. Muitas empresas tentavam e desistiam no caminho, muitas nem isso, outras já tinham relativo sucesso. Com a pandemia, o mundo teve que se curvar à realidade e trabalhar em casa. Isso provou que, sim, era possível o trabalho remoto. A forma não foi a ideal por ter sido compulsória, mas rendeu aprendizados importantes.
Em meus livros, sempre sugeri o trabalho remoto, ainda que nunca com 100% dos funcionários. Continuo acreditando no formato híbrido. Posso estar errado e ter que admitir futuramente que empresas podem não ter sede, mas confesso que está difícil de aceitar. Vamos ver. As transformações têm acontecido em velocidades impensáveis nos últimos tempos e nada é definitivo, então provavelmente terei que me curvar a essa mudança.
A dificuldade em aceitar a ideia de 100% dos funcionários trabalhando em casa tem motivo bem claro. Minha carreira foi desenvolvida em ambientes coletivos e foi nesses ambientes onde todos se encontravam diariamente que aprendi e ajudei a implementar e disseminar os objetivos, as metas, as visões, a integração das pessoas e a cultura empresarial. Tudo isso, além de fundamental para o sucesso da empresa, era muito mais fácil de ser implementado e percebido por todos quando juntos em um mesmo ambiente. Continuo acreditando que o home office na forma de rodízio é o ideal para satisfazer os desejos dos funcionários e dar mais flexibilidade para algumas atividades. Percentual fora da empresa? 20% era o que eu propunha.
Hoje, com a experiência forçada pela Covid-19, acho que uns 30, 35% dos funcionários fora da sede, em forma de rodízio, atendem perfeitamente aos objetivos de ambos, empresa e funcionários, embora nada sobre esse tema possa se estabelecer como definitivo, já que se trata de mudança muito recente. A solução é ir experimentando, testando, mudando, recuando, avançando, até que se encontre um modelo ideal. Sempre de forma transparente com todos os envolvidos.
Acompanho as discussões sobre esse tema. Pesquisas apontando que a maioria quer ficar em casa e outras mostrando o contrário. Muitos empresários decididos a manter quase todos em casa, muitos em dúvida. O fato é que nesse momento estão todos opinando ou decidindo sobre algo inesperado, já que antes do confinamento era impensável essa discussão. Como dito acima, gosto da ideia de home office em torno de 35% e no formato de rodízio.
Tenho dúvidas se todas as pessoas que alegam gostar de trabalhar em casa estão de fato sendo sinceras. E se esse “gostar” for só por uma questão financeira? Sabemos que o salário médio do brasileiro é insignificante. (O salário médio da classe média gira em torno de R$ 3.000,00!!!). Além do baixo salário, a grande maioria está endividada. Será que essa opção de ficar em casa não é por conta disso? Ficando em casa haverá a economia com transporte, dispensa de empregados domésticos, entre outros. A pergunta deveria ser complementada para os que respondem que querem trabalhar em casa. Algo assim: E se você ganhasse um salário melhor que te desse folga no orçamento, você continuaria preferindo trabalhar em casa? Cabe, portanto, a responsabilidade da empresa em averiguar de forma mais detalhada esse desejo. O sim e o não, simplesmente, não me convence.
Tanto o home office quanto o formato híbrido, precisam vir acompanhados de uma flexibilização no horário de trabalho, que agora ficou provado que é possível. Qual o problema dos que moram longe chegarem na empresa por volta de 10 horas da manhã e retornarem para casa antes das 17 horas? Com essa flexibilização muita gente que preferia o home office talvez desista da ideia e volta para o modelo tradicional.
Cada empresa terá que encontrar o seu modelo. Acho muito difícil copiar modelos de terceiros em função das características de cada uma. Inadmissível é não tentar. Óbvio que para certas atividades não há o que decidir, pois a presença é obrigatória.
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