Né, não?
Olha… eu vou listar: falta água, luz, vento, frio, ar, tempo, espaço, paciência, bondade, gentileza, respeito, vontade, sinceridade, verdade, criação, novidade, surpresa, sossego, música, filme, futebol, esperança, tesão… falta até jeito.
Não quero ser saudosista, mas antes estava melhor. Antigamente eu sabia o que tinha acontecido, hoje já não tenho a certeza. Se leio uma notícia, sai um desmentido. Se penso que é nova, provam que existia faz tempo. Se gosto daquilo, metade me xinga, metade despreza e outra metade ainda, pois são muitas versões, diz que aquilo deve ser um vírus. Afinal pra que tanta informação? Eu só queria saber!
Nós estamos numa fase em que o problema não é mais só o de falar com as pessoas certas – que muitas vezes estão erradas – a questão agora é que por vezes estão falando demais, demais da conta, além do que as pessoas querem, pelo menos naquela forma de comunicação. Lembra daquele chato que liga sempre no sábado de manhã para propor um novo plano telefônico? Pois é, além dele que não para de encher, agora é como se tivesse um monte desses neguinhos em outros meios. A mídia social já é esse clima e durante as eleições pegou fogo, como se a gente tivesse chamado todos esses nossos amigos ou “muy amigos” para uma festa em casa e todos se encontrassem no elevador. As pessoas podem até não estar peladas (por vezes, sim), mas as opiniões e o que pensam de fato está ali, pornograficamente, sacudindo na nossa frente.
Temos formas de comunicação mais rápidas, super rápidas, aliás, mas já tem gente carregando mensagens de propaganda no Twitter. Alguém duvida que logo mais vão nos alcançar no WhatsApp ou no Waze com propaganda? Eu quero que alguém lance um App de “simancol”. Será que o pessoal do Bom Senso já pensou nisso?
Cada meio tem sua forma de comunicar, uns mais lentos, mais completos, mas outros não, são rapidim, passou, pegou e next! Um meio de comunicação não necessariamente é feito pra propaganda – mas para comunicar – e isso já basta.
Quando fica exagerado ou inadequado aquilo explode. E olha que tem muitos mais exemplos de usos completamente absurdos de usos dos meios. Quer ver? Pense nesses “públis” de mídia impressa sem caracterização, ou nos intermináveis malhos do Polishop na TV Paga, ou ainda nos inúmeros horários religiosos na TV Aberta. Que vergonha!
Se a gente olhar bem e esse é um olhar histórico, vai descobrir que a origem da obrigatoriedade da Voz do Brasil deve ter vindo do mesmo saco de maldades. Vai contar para alguém fora do país desse programa. Ele vai achar que é um exagero. Imagina! Não pode ser verdade que todas as emissoras de rádio (mais de 4 mil!), todo o dia, por uma hora, num horário nobre, passem uma porcaria de lenga a lenga política, onde metade é um noticiário completamente chapa branca e a outra, a meia hora do legislativo, é a chapa branca mais marrom que a gente conhece. E olha que ninguém concorda em tirar do ar. É a nossa “jabuticaba” autoritária.
É tudo over: inadequadas, incabíveis, insuportáveis, intragáveis – aliás, nada “in”.
Geraldo Leite – geleite@sing.com.br – sócio diretor da Singular, Arquitetura de Mídia.
Associado da APP desde 03/02/2012!
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