Qual seu papel na era dos 3Cs: Covid, Conflict & Climate Change?
Por Carol Zaine – Chief Executive Officer at Vert Inteligência Digital
Olás!
No fim do ano passado, dissemos que teríamos algumas novidades ao longo de 2023. Essa news é uma delas.
A partir deste ano, trago algumas reflexões sobre temas que têm sido pauta no nosso mercado e que eu adoraria, não só compartilhar, mas debater com vocês. Por isso, fiquem à vontade em me responder.
Janeiro é um mês ótimo para quem acompanha os relatórios de tendência. Muitos deles saem nesse período, sempre recheados de insights. Alguns vingam, outros não, mas é sempre interessante dar aquele check no que está por vir.
Mas antes, vamos voltar um pouco no tempo…
Novembro passado estive no Web Summit, em Lisboa, junto de um grupo de brasileiros em uma missão. Paralelo ao evento, tivemos uma série de agendas com presidentes, gestores de empresas e conhecemos algumas iniciativas para a tecnologia local. No primeiro dia de atividade, ainda morta pelas 12 horas de voo e derrubada pelo fuso, nos encontramos com Marcelo Rebelo, Presidente da República português.
Dentre todos os tópicos abordados na ocasião, o que mais me chamou a atenção foi sobre economia. Assumo que não sou uma expert em economia portuguesa, e mesmo com o cansaço pesando, fiquei atenta. Hoje, 67% do PIB do país vem do setor de serviços – que é, basicamente, mantido pelo turismo. Com o início da pandemia, sofreram com o fechamento das fronteiras e a falta de insumos – que impactou o mundo todo. Em seguida, com o país voltando a caminhar, vacinas sendo aplicadas, turismo reaquecendo, tem início a guerra Rússia X Ucrânia que, como sabemos, também teve um impacto gigantesco nos países que dependem do gás ucraniano. E no meio de tudo isso, nossa velha conhecida – a inflação – chegou com força em solo português.
Corta para 2023. Abro em meu e-mail o relatório de tendências da Kantar e no primeiro parágrafo do prefácio leio que “A pandemia remodelou dramaticamente nossas vidas. Em seu rastro, vem a instabilidade geopolítica, os aumentos de preços globais e as condições meteorológicas cada vez mais extremas”.
Abro o relatório da Wunderman Thompson, também com predições para o ano, e a primeira frase: “Todos os sinais devem apontar para um ano sombrio e caótico, com a persistência de uma economia difícil, instabilidade política e deterioração ambiental.”
Claro que, ouvindo e lendo tudo isso, não consigo parar de traçar um paralelo com o Brasil. Aqui também sofremos com a inflação, desemprego, perda de renda e poder de consumo, fora todos os outros tantos pontos que tivemos que enfrentar ao longo dos últimos anos e que foram problemas exclusivos do nosso país.
Depois desse Janeiro intenso e infinito você deve estar pensando “Credo, Carol. Que ~bad vibes~ tudo isso”. Pois bem, é mesmo, não vou negar.
Ainda em Janeiro, aconteceu o NRF Retail´s Big Show que, como o próprio nome demonstra, é o maior evento de varejo do mundo, sediado em NY. O
Meio & Mensagem entrevistou Kate Ancketill, fundadora e CEO da consultoria britânica GDR. O título que encabeça a conversa com ela é “O fim da era da abundância e a economia da dopamina”.
De tudo o que vi e li sobre esses tempos sombrios, foi o que realmente me fez enxergar caminhos bem menos nebulosos.
Kate começa dizendo que “estamos vivendo sob a influência dos 3Cs, a era da covid, do conflito e da mudança climática”. Diz ainda: “Pessoas precisam ser animadas em tempos difíceis economicamente. Isso costuma ser chamado de ‘the lipstick effect’, quando as pessoas se permitem pequenos luxos para se alegrarem durante uma recessão. Agora, provavelmente teremos uma versão mais imersiva, o que pode incluir tecnologia 4D, realidade aumentada, mesclas de mundos físicos e digitais. Pessoas estão sempre procurando maneiras de investir em si mesmas. Como aprender, como melhorar, como ter diversão. Todos esses elementos podem ser providos por marcas e varejistas.”
E quando perguntada sobre como a publicidade deve agir nesse contexto, ela diz que “o papel da publicidade é vender mais e a minha mensagem é ‘precisamos comprar menos’, Precisamos ser mais regenerativos, ser mais circulares, abraçar a economia de produtos de segunda mão. A publicidade precisa estar alinhada com o zeitgeist”.
Uau, que aula, não?
Agora, vamos aterrissar para nossa realidade. Qual o nosso papel dentro disso?
Sabemos que no fluxo do dia a dia, as empresas perdem muito dinheiro tomando decisões no achismo. Se estamos falando de uma era em que a abundância não é mais uma realidade, trabalhar sem um eficaz suporte de inteligência só traz danos e que, muitas vezes, se materializam em forma de demissões, alimentando ainda mais esse ciclo vicioso da perda de renda/poder de consumo, crise…
Dados é um tópico que está na ponta da língua de praticamente todos os gestores do mercado, mas quando vamos para a prática, ainda vemos decisões que foram tomadas “porque tive um insight no banho”.
Mais do que nunca, gestores precisam tomar decisões sábias, calculadas e que, no fim, contribuam para amenizar esse cenário atual.
E, para encerrar, adoraria saber: qual sua visão dentro desse cenário e qual tem sido seu papel na era dos 3C’s?
Nos vemos no mês que vem!
Até lá!
Carol Zaine
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