Fraude Robótica na Publicidade Digital: É Hora de Agir
Em Blade Runner, aclamado thriller dramático de ficção científica realizado em 1982, o policial Rick Deckard caça andróides sintéticos – os “replicantes” – que estão à solta, perpetrando crimes. Dada sua extrema capacidade de se passarem por humanos, Deckard precisa se valer de seus conhecimentos e de um certo teste Voight-Kampff para corretamente distingui-los, antes de sua eliminação.
Hoje, a realidade imita a ficção, pois para identificar sofisticados robôs (ou simplesmente “bots”) que simulam o comportamento humano na web, gerando falsos visitantes, falsas impressões e falsos cliques, também dispomos de sofisticadas ferramentas anti-fraude robótica.
Rapidamente, a fraude robótica da publicidade digital se transformou no principal crime cibernético, superando as fraudes bancárias. Estimativas, de certa forma conservadoras, prevêm que tal prática criminosa deve gerar cerca de US$ 7,2 bilhões de dólares ainda em 2016 e seguir crescendo globalmente a taxas anuais de dois dígitos.
São quadrilhas organizadas de alcance mundial, simulando organizações paramilitares, com hierarquias e funções estabelecidas, que atuam e vicejam no complexo ecossistema da mídia digital, invadindo, infectando e fraudando computadores, sistemas e sites, causando prejuízos econômicos a anunciantes, agências e publishers.
Em sua forma mais simples, implementada por hackers “soldados rasos”, os teclados, cookies e IPs de computadores são sequestrados por um malware, gerando um segundo plano de navegação. É como se um outro você, mas sintético e artificial, um “replicante”, navegasse pela internet, fingindo seu comportamento, suas escolhas, seus interesses.
A cada dado momento, só nos Estados Unidos, onde a detecção de fraude robótica na publicidade digital está mais avançada, espantosos 30% dos computadores domésticos apresentam rotativamente tal forma de invasão, gerando cerca de 2/3 das fraudes robóticas detectadas.
Mas outras e mais complexas formas mais sofisticadas de fraude é que revelam a audácia e a capacidade destas gangues, já que mesmo as mais recentes técnicas e métricas de aferição não representam barreiras para os hackers. Como exemplo, seus bots já conseguem simular taxas de viewability de 43%, apenas marginalmente abaixo das médias humanas.
A prática está demonstrando que a caça à fraude robótica é uma verdadeira “guerra de gato e rato”; deve ser cotidiana, constante e incansável, onde novas técnicas de fraude sempre exigirão novas formas de combate. Neste sentido, veremos um papel crescente de empresas independentes focadas em cybersecurity, novos participantes no ecossistema de mídia digital, oferecendo sistemas continuamente aperfeiçoados de detecção precoce, determinística, multiponto e em real-time.
Em tempos de busca de eficiência e discussão sobre ROI, não vale se questionar quanto de seus investimentos vêm sendo fraudados, sem que você saiba? Em tempos de boa governança e responsabilidade corporativa, não tira o sono saber que há evidências de que os recursos gerados pela fraude robótica têm conexão com o narcotráfico, tráfico de armas e até de seres humanos, agregando uma terrível dimensão de horror e morte à aparente banalidade de um inofensivo mas falso clique?
Anunciantes, agências e publishers, é hora de agir e combater.
Luiz J. Kroeff, economista, publicitário e mestre em ciências sociais, atualmente responsável pelo desenvolvimento de negócios na América Latina para a TOMORRO\\\
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