Nunca contrate alguém que você não poderá demitir
A área de Recrutamento e Seleção sempre tem um grande desafio pela frente quando recebe uma demanda de contratação, e poucos são os candidatos que entendem as várias etapas que fazem parte deste processo. Mas é realmente um processo, e precisa ser feito de maneira profissional.
A experiência me ensinou que a decisão de contratar sempre se mostra equivocada se a empresa cai na tentação de contratar alguém que não poderá demitir. Refiro-me aqui àqueles casos nos quais a empresa contratou por indicação ou parentesco, sem que nenhuma outra característica profissional tenha sido considerada. É sempre uma decisão equivocada.
Costumo identificar esses candidatos que se apresentam durante o processo de seleção nas empresas com um adendo (parentes de algum funcionário ou indicações recebidas da alta cúpula da empresa) como candidatos-abacaxi: são normalmente problemáticos, pois se consideram, por antecipação, donos da posição e podem tumultuar o processo de recrutamento e seleção.
Antigamente, os contratos de parentes de alguém eram denominados atos de nepotismo. Há muito o nepotismo ganhou a conotação negativa que o acompanha até hoje. A própria palavra nepotismo (do latim nepotes, significando sobrinho) indicava favoritismo pelo parentesco em primeiro grau dos detentores do poder. No caso, do poder político-religioso. Na sua conotação moderna, o nepotismo abrange não apenas ao sobrinho mas a qualquer nível de parentesco. Tecnicamente, eu diria que pratica o nepotismo quem deixa de contratar um candidato em virtude das qualificações curriculares, técnicas ou comportamentais do mesmo, para fazer a contratação apenas em função de parentesco de qualquer nível. Note o leitor que não houve seleção, não houve recrutamento e nem sequer houve processo de escolha. Claro que é uma decisão equivocada e a possibilidade de fracasso é enorme.
A encrenca aparece depois: como toda a decisão errada, esta também vai ter um custo. Este custo aparece na hora em que a contratação-abacaxi precisa mostrar, na prática, se realmente é capaz. Quase nunca o é. Aí vem a problemática questão de demitir. E agora? A solução é simples: não contrate alguém que você não possa demitir. Recrutamento e seleção é coisa séria, feita por profissionais competentes. Deve-se sempre respeitar as decisões e o fluxo natural do processo.
Podemos auxiliar conhecidos, indicados ou parentes, mas sem nenhuma influência no processo. Acredito que não existam barreiras intransponíveis na busca de um emprego mas sim, dificuldades como todo caminho que precisa ser seguido. A forma com a qual iremos transpor estas dificuldades é que nos irá destacar enquanto candidatos a um novo emprego. Basta perseverar.
(*) Norberto Chadad. Engenheiro que se transformou em administrador.
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