Felicidade
“Felicidade foi se embora / e a saudade no meu peito ainda mora / e é por isso que eu gosto lá de fora / porque sei que a falsidade não vigora.” (Lupicinio Rodrigues)
No mundo onde se multiplicam os novos mi ou bilionários, ser feliz voltou à moda. Jamais deveria ter saído.
Dentre os verbetes dominantes nos dicionários das citações o FELICIDADE figura entre os 10 mais. Como “nunca se é tão feliz nem tão infeliz como se imagina”, de LA ROCHEFOUCAULD, como “Há uma certa vergonha em sermos felizes diante de certas misérias”, LA BRUYÉRE, ou, “Há duas épocas na vida, infância e velhice, onde a felicidade está numa caixa de bombons”, CARLOS DRUMOND DE ANDRADE, ou, ainda, “Não há que ter vergonha de preferir a felicidade”, ALBERT CAMUS. E tudo leva a crer que é essa citação de CAMUS, no seu emblemático A PESTE, que vem se convertendo no grande mantra dos nascidos digitais; a geração que está chegando ao mercado de trabalho agora.
Também presente na música de todo o mundo, muito fortemente na brasileira, o verbete FELICIDADE inspirou desde IVAN LINS, “Com força e com vontade a felicidade há de se espalhar com toda intensidade”, TOM e VINICIUS, “A felicidade é como uma gota de orvalho numa pétala de flor”, GONZAGUINHA, “Viver e não ter a vergonha de ser feliz”, ZÉLIA DUNCAN, “Não sei por que to tão feliz, não há motivo algum para tanta felicidade”, nunca se falou tanto em felicidade nos últimos anos como se fala agora. E a razão é pura e simplesmente que as pessoas não têm mais tempo para serem felizes.
Ainda agora o DIÁRIO DE SÃO PAULO decidiu pesquisar o assunto. Foi medir o grau de felicidade dos paulistas – 600 entrevistas na capital e 1.000 em 99 cidades do interior do estado. E descobriu, para a surpresa de muitos, mas não de todos, que a maioria das pessoas se sente feliz. 88% dos entrevistados se consideram felizes ou muito felizes, pela ordem. 53% felizes, e 35% muito felizes. Já os poucos felizes totalizaram 10% dos entrevistados, e os absolutamente infelizes 2%. O perfil dos poucos felizes, segundo a pesquisa do DIÁRIO, situa-se numa faixa de idade de 45 anos, com nível de escolaridade até o ensino fundamental, e uma renda mensal entre R$2.550 e R$5.100; Já os felizes ou muito felizes concentram-se em jovens com até 24 anos de idade, nível superior completo, e renda mensal acima de R$5.100.
Recentemente, e referindo-se especificamente aos Estados Unidos, realizou-se um estudo tentando dimensionar-se o necessário para uma vida feliz e de qualidade, em termos de ganhos anuais. E a conclusão é que uma pessoa naquele país precisaria ganhar em torno de R$130 mil anuais. Qualquer valor acima desse não significava aumento igualmente proporcional em termos de felicidade. Pelo estudo do DIÁRIO o valor no Brasil é bem menor desde que se tenha até 24 anos de idade.
No ranking da felicidade do instituto GALLUP, divulgado em julho de 2010, o BRASIL aparece na 12ª. colocação, num total pesquisado de 155 países, ou seja, o brasileiro se sente feliz. O primeiro lugar pertence a DINAMARCA, seguida pela FINLÂNDIA, NORUEGA, SUÉCIA, HOLANDA, COSTA RICA, NOVA ZELANDIA, CANADÁ, ISRAEL, AUSTRÁLIA, SUIÇA, e, nós, brasileiros.
E fechando a pesquisa e a matéria que divulgou os resultados, assinada por JUCA GUIMARÃES, o DIÁRIO fez sua RECEITA DO SUCESSO e tirou suas conclusões: “Ganhar na loteria não traz felicidade. FAZER COISAS RELAXANTES TRAZ. Amigos valem mais que uma Ferrari. A SOLIDARIEDADE DOS COMPANHEIROS É RECONFORTANTE. Ter um carrão só traz status. TRABALHAR COM O QUE GOSTA FAZ A PESSOA FELIZ”.
Você se considera feliz? Ser feliz voltou à moda.
* Francisco Alberto Madia de Souza
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