Agência é algo bacana
fonte: propmark
Tenho investido bastante tempo em falar com profissionais com ótima experiência, multipremiados e com foco em business que estão querendo fazer diferente. Fazer a diferença com novas empresas, grupos, coletivos, duplas, agências para se lançar no mercado no vácuo que a indústria de publicidade está gerando como efeito colateral de seu modelo atual. Tanto no Brasil quanto lá fora. Trago aqui um resumo desse aprendizado.
Não queira fazer todas as disciplinas em sua nova agência. Escolha o que sabe fazer de melhor e foque. É preferível não ganhar algum dinheiro em coisas que você não é craque. Plugue parceiros de áreas complementares que possam te ajudar. Assim eles podem plugar você quando eles precisarem. Ciclo. Querer ganhar muito e tudo sempre são receitas que vimos que não dão certo a longo prazo nos dias de hoje. Ótima remuneração naquilo que você é craque é a melhor reputação que pode ter.
Não se envergonhe em ter uma agência. Chame sua agência de agência, caso crie uma agência. Não entre no tanãnãtanãnã dos que dizem que agência acabou, que todo mundo tem ideia, etc. e tal. Quem cresce na lama que espalha, acaba afundando. Agência é algo bacana se a sua agência for bacana. Agência é importante para o mercado se a sua agência for importante para o mercado. Não fique preocupado demais com os dados. Eles estão aí à vontade. Muitas ferramentas, com ótimos preços, vão lhe dar o que você quer saber.
O que quase ninguém tem é sensibilidade para entendê-las e usá-las. É notório que alguns grupos de comunicação tentam passar a ideia que agora são empresas de tecnologia e dados. Relaxe. Os clientes que eles atendem, todos os clientes, possuem hoje, dentro de casa, muito mais dados dos que as agências conseguem ter pelo simples fato de que possuem as ferramentas e têm acesso a níveis de privacidade que um fornecedor/parceiro não terá.
A sua nova empresa não vai conseguir competir com o cliente. Que tal trabalhar junto com ele? Por que não se junta a eles em dados que eles não têm? Ganhe a confiança, faça parte do board, assine um bom NDA e agregue criatividade e estratégia ao que eles já sabem.
Não se reprima por começar uma agência com poucos e bons. Às vezes vocês serão a parte que falta em toda uma indústria gigantesca de marketing que você vai atender. Todos os gatos são pardos na tela do zoom. Acima de cinco pessoas numa reunião você passa a ser apenas um ouvinte. Seu valor na comunicação atual é inestimável. Pode acreditar. Ninguém consegue se apaixonar por um negócio alheio ao seu como um publicitário. É intrínseco.
Não acredite em tudo o que ouve sobre a qualidade atual do mercado. Você já ouviu falar que o marketing está juniorizado. Tenho visto que não é verdade absoluta isso. Gente muito nova, capaz e craque está fazendo a diferença. Você já ouviu dizer também que hoje não se tem mais acesso a quem manda. Na verdade, o acesso é o mesmo. Basta empatia e competência para criar pontes. De ambas as partes.
O tempo e os problemas é que são outros. Existe também tudo isso? Existe, claro, como sempre existiu e vai existir, mas não é regra. Não espere para ser generoso quando se aposentar. É um papo conhecido o arrependimento de quem não cria líderes enquanto está com a mão na massa. Que não prepara sucessores enquanto está no auge da carreira. E depois faz TED sobre isso quando olha pra trás e vê que nada cresceu sob sua sombra.
Ninguém ganha do tempo. Sem os novos talentos, sua nova agência acaba logo. Vira um Sprint e não um Pace de maratona. E pra fechar, resumindo os toques, algo que ficou marcado. Uma nova empresa é mais sobre o que você não vai fazer e os caminhos que não vai seguir sob hipótese alguma, do que sobre qualquer outra coisa.
E, quando isso acontece, ela pode ser pequena, média ou grande, mas será a representação de seus sonhos.
Flavio Waiteman é CCO – fundador da Tech&Soul (flavio.waiteman@techandsoul.com.br)
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