Melhorias em práticas de governança são caminho para longevidade das OSCs, apontam especialistas
Implementação de práticas ESG pode contribuir para aumentar o impacto social e melhorar o relacionamento com investidores sociais e empresas
Em meio a um cenário de crescente desconfiança em relação às Organizações da Sociedade Civil (OSCs), que frequentemente enfrentam questionamentos sobre transparência e governança, a agenda ESG surge como uma oportunidade de desenvolvimento para o terceiro setor. Segundo a pesquisa Trust Barometer 2024, da consultoria Edelman, a população tem um sentimento de neutralidade em relação à confiança nas ONGs, com um percentual de 52%.
À medida que empresas e investidores estão cada vez mais atentos a critérios sociais, ambientais e de governança em suas atividades, também serão igualmente mais seletivos na escolha de parceiros no terceiro setor. A adoção de práticas de governança e de sustentabilidade é, portanto, um caminho estratégico para o aumento de credibilidade, fortalecimento e crescimento sustentável das organizações e, ao mesmo tempo, pode funcionar como um vetor impulsionador da agenda ESG nas empresas.
“As organizações precisam ter uma governança corporativa mais robusta para que de fato atraiam mais investidores para seus projetos, de forma que sejam mais resilientes. Para a sustentabilidade financeira das organizações acredito muito no poder da governança, da identificação dos riscos e da implementação de um compliance robusto. Essa é a base da estrutura ESG para que os investidores aportem seus valores e impulsionem os projetos das organizações”, aponta Marianna Laranjeira, sócia-diretora e líder em Sustentabilidade e Governança na Amsel & Ara.
Para Cristiane Almeida, diretora-executiva da Engaja Brasil, é preciso fortalecer as organizações para que elas continuem a desempenhar o seu papel transformador. A ONG desenvolveu uma plataforma com tecnologia em governança, risco e compliance para avaliar a maturidade ESG do terceiro setor. “No final, a sustentabilidade e o sucesso do terceiro setor, assim como das empresas com relação à agenda ESG, estão interligados. Ambas precisam adotar práticas inovadoras e sustentáveis para garantir um futuro mais justo e perene”, sublinha.
O posicionamento é apoiado por Jorge Toquetti, ex-diretor geral da ONG Banco de Alimentos, que atua há 27 anos no país. “O futuro da manutenção da vida das ONGs vai passar pelo ESG, pois no fim do dia estamos falando de uma relação comercial. A sociedade, ao cobrar das empresas responsabilidade socioambiental, está obrigando as empresas a assumirem compromissos nessa agenda. E como esse não é o core business das empresas, elas têm que ter essa parceria com organizações sérias para cumprir essas demandas sociais. Neste cenário, as OSCs atuam como um ‘fornecedor’ de ação social das empresas e, como parte interessada, precisam adotar critérios sólidos de governança”, avalia.
Na visão de Graziela Castilho, presidente da JA RJ, maior transparência e qualidade de informações das organizações resulta em melhor relacionamento com as partes interessadas. “Independente do tamanho, medir e acompanhar resultados e ter avaliações externas é saudável para a vida da organização e para seu crescimento. Isso faz parte do processo de profissionalização desse setor que é tão importante para a sociedade e fundamental para as empresas”, destaca.
Sobre a plataforma
Desenvolvida pela Engaja Brasil, em parceria com a KPMG, a plataforma utiliza uma ferramenta de due dillingence com tecnologia Big Data que avalia, inicialmente, a regularidade do CNPJ e a situação dos dirigentes das OSCs cadastradas. O processo de análise inclui Assessment ESG/GRC de sua maturidade em cada aspecto avaliado, como ambiental, social, governança, riscos e compliance, acompanhado de recomendações de melhorias, relatório de riscos, vulnerabilidade decorrentes de práticas não atendidas e plano de ação. As informações são então avaliadas pela Engaja Brasil que emite o “Selo Verificado”, o que garante ainda mais transparência. “Dessa forma, oferecemos aos investidores sociais e empresas um ambiente de confiança e, às OSCs, uma oportunidade única de desenvolvimento e melhoria contínua. Ter essa avaliação também é importante para aprimorar o relacionamento das organizações com todas as partes interessadas e contribuir para parcerias mais duradouras”, destaca Cristiane.
“Pela primeira vez, as OSCs terão uma ferramenta capaz de dar um direcionamento completo e eficaz sobre como está o nível de maturidade delas com relação aos critérios ESG, de riscos e compliance, um dos mais exigidos pelos investidores. Com base nessas informações, elas terão um norteador sobre como se posicionar a respeito dos tópicos mais discutidos no Brasil e no mundo e isso será um diferencial de mercado”, explica o sócio-diretor de consultoria em ESG da KPMG, André Winter.
Até o momento, 12 organizações como o Instituto Ronald McDonald, JA Brasil, Unibes, Banco de Alimentos e Joule já se inscreveram na plataforma. Desse total, oito já receberam diagnósticos e já promoveram melhorias em suas práticas. Outras quatro OSCs estão se preparando para aderir à plataforma.
Diretora-executiva do Instituto Ronald MacDonald, Bianca Provedel, acredita que a plataforma pode contribuir para melhorias nas práticas ESG das organizações. “O diagnóstico recebido nos ajudou a nortear um programa de integridade no Instituto, que está vigente há dois meses. Foi uma oportunidade de revisitarmos o estatuto e aprovarmos mudanças em assembleias para provocar melhorias na governança”, conta.
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Sobre a Engaja Brasil
A Engaja Brasil é uma plataforma que busca fortalecer a governança, gestão de riscos e integridade do terceiro setor no Brasil. Nossa missão é conectar empresas e organizações da sociedade civil em prol da transformação social com transparência e ética. Com o apoio da KPMG, oferecemos uma metodologia segura e educativa para avaliar práticas em ESG e GRC, promovendo um ambiente mais confiável e atrativo para investimentos sociais.
Sobre a KPMG Brasil
A KPMG é uma rede global de firmas independentes que presta serviços profissionais de auditoria, tributos e consultoria. Está presente em 143 países e territórios, com 270 mil profissionais atuando em firmas-membro em todo o mundo. No gra, são mais de cinco mil profissionais, distribuídos em 15 cidades de 10 estados e do Distrito Federal.
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